Plano de Fundo

Frotas & Fretes Verdes 2016

3 - Pano de Fundo


A atividade de transporte é um componente-chave do desenvolvimento econômico e da prosperidade humana e está aumentando ao redor do mundo com o crescimento das economias mundiais. Mesmo se acontecer um colapso econômico mundial, a atividade de transporte continuará crescendo a passos rápidos, exigindo combustível. Considerando o potencial de mitigação do setor de transporte, é importante entender os efeitos que ele tem nas alterações climáticas.


O transporte rodoviário é o modal que mais consome energia por tonelada. No Brasil, este é o principal meio utilizado no transporte de cargas e pessoas. Hoje, a matriz brasileira de transportes tem 61% do seu total nas mãos deste modal, o que compromete diretamente o alcance das metas nacionais de emissão de gases nocivos ao meio ambiente. Sendo que o setor é o terceiro maior emissor de gases do efeito estufa no país. Somado a isso, temos dados alarmantes sobre o impacto da poluição na saúde da população. Fatos que justificam a necessidade de intensificação de esforços que levem à formulação de uma logística de transporte nacional ambientalmente responsável.


O sistema tributário acaba incentivando o uso de caminhões antigos, sem manutenção e com maior consumo, já que eles não pagam IPVA, devido à idade. Estabelecendo, desta forma, uma matriz energética que não favorece combustíveis renováveis, resultando em uma priorização econômica em detrimento dos benefícios socioambientais. Tal visão se mostra extremamente simplista. Visto que, segundo o Carbon Disclosure Project, mais de 70% dos fornecedores das empresas indicam risco atual ou futuro relacionado a mudanças climáticas, que podem afetar os negócios ou a receita de forma significativa. Além disso, o mercado consumidor está cada vez mais exigente, e a sustentabilidade é sem dúvida um dos valores de compra mais importantes na decisão do cliente.


O desenvolvimento desorganizado do Brasil, em que não há políticas públicas cruzadas, também representa uma barreira ao crescimento econômico. A integração entre modais logísticos prevista para os próximos anos, sobretudo entre ferrovias, cabotagem e portos, é uma medida importante para aumentar a vantagem competitiva do país. Ao utilizar uma malha integrada, o fluxo de mercadorias que passa pelas rodovias (modal mais utilizado no Brasil) seria mais bem distribuído, desafogando o trânsito rodoviário. A grande vantagem da integração seria a redução dos custos de capital.


O transporte ferroviário é uma opção muito interessante, pois o modal é considerado o mais adequado para longas distâncias devido à capacidade dos trens de levar maior quantidade de carga. Mas ainda enfrenta dificuldades de integração e de renovação, tanto da infraestrutura básica quanto das composições. Diversos são os fatores que comprometem a eficiência do modal ferroviário brasileiro. Entre eles, é possível identificar gargalos físicos, financeiros e institucionais.


Longos períodos sem investimento também comprometeram a competitividade do modal de cabotagem. Entretanto, existem perspectivas promissoras para o setor. O Brasil tem mais de 8,5 mil quilômetros de costa e a maioria da população vive a até 500 km do litoral, demonstrando uma vocação natural para a cabotagem. Para acelerar os investimentos desse transporte, o papel do governo é fundamental. Pois cabe ao setor público desonerar a cadeia produtiva dos elevados impostos e oferecer incentivos nos terminais. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, não é possível pensar em eficiência de transportes, seja qual for o modal, sem a participação ativa do governo em parceria com o setor privado.